Quando você foi embora, eu me vi sem saída, cercada de tantas pessoas que em outras épocas eu fugiria correndo para os seus braços enquanto você fazia todos os meus medos irem embora e me tirava do meio de tanta hipocrisia. Mas os tempos mudaram. Você não está mais aqui... E eu me vejo agora em uma espécie daqueles bailes de máscaras, onde os grandes Lordes se reuniam para beber e celebrar qualquer coisa que nesse momento já não tem qualquer significado para mim. As pessoas se escondem atrás de suas máscaras sorridentes e felizes enquanto por dentro elas se destroem pouco á pouco. E lembra-se de como eu achava essas atitudes tão clichês?! Você se surpreenderia se me visse hoje: Exatamente igual á todos aqueles que eu julguei errados e jurei pra mim mesma e para você, que nunca faria igual. Mas eu me tornei. Tão supérflua e tão hipócrita quanto. E eu lembro que minha autenticidade e meu jeito impassível eram aquilo que você sempre dizia que tanto o atraía... Você me dizia que eu era tudo pra você... Mas quando nos tornamos o tudo de alguém, acabamos ficando meio que sem nada.
Caso queira saber, eu ainda trabalho no mesmo lugar e o ônibus que eu pego em frente a quitanda do Zé ainda é o mesmo. E a sua casa ainda é amarela e fica na esquina da Molinari. E o seu carro, aquele que você passava tanto tempo “turbinando” e me dizendo o quanto o ronco dele te fascinava, ainda é o mesmo. E eu sei disso porque o trajeto do ônibus também não mudou e eu te vejo sorrindo por ai, todos os dias quando eu vou trabalhar naquele mesmo lugar que num passado, eu chamaria de “emprego perfeito”, mas que agora, simplesmente não faz mais sentido para mim.
Quando eu chego em casa cansada, eu ainda tenho tempo e forças suficientes para olhar o meu e-mail, que a propósito, também não mudou. Eu arranjo forças todos os dias na esperança de que talvez, por algum motivo, o seu nome estará lá, na minha caixa de entrada, me dizendo “olá”, ou quem sabe até um “tudo bom?”. Na verdade eu me contentaria com qualquer mensagem, mesmo aquelas sobre “encaminhe para 10 pessoas e seu desejo se tornará realidade!” Eu não me importaria se fosse essa, porque pelo menos assim, eu estaria de alguma forma no seu pensamento quando você encaminha-se para mim. Mas o que dói mais ao pensar nisso, é que muito provavelmente, eu já não sei mis qual é o seu desejo, o seu sonho. E isso me assusta.
Mas no final, você não precisa preocupar-se comigo ou com minhas manias frenéticas. Eu estou bem. Eu ficarei bem. Por mais que eu diga o contrário á mim mesma, tentando acreditar na minha própria mentira facilmente desmentida, eu ainda sinto á sua falta, eu ainda me pego pensando nas nossas tardes de tempo ocioso e nossas brincadeiras infantis. Ainda sinto falta dos seus pés aquecendo os meus nas noites de inverno e do cheiro do seu perfume invadindo todo o recinto em que eu estava... E eu me saboreava dele em uma sede insaciável e voraz... Eu me perdia no entorpecer dos seus olhos... E na força do seu abraço. Mas eu realmente espero que você esteja feliz agora, claro que eu estaria sendo falsa demais até para os meus padrões, se eu dissesse que desejo vê-lo feliz com outra. Eu quis dizer feliz... E sozinho. Porque eu quero que você sinta tanto a minha falta quanto eu senti á sua. Eu quero que você olhe em volta e não tenha ninguém além de mim para perguntar se a gravata combina com a camisa, ou, se o terno está amassado. Chame de egoísmo, maldade ou ciúme... Chame do que quiser... Chame-me até de louca, eu realmente não ligo. Porque foi você a pessoa que mais me conheceu. Foi você... E eu espero que um dia ainda seja. Se não for pedir muito... Chame-me de “meu amor” mais uma vez. Só mais uma vez.
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