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Não consigo me definir em palavras - embora eu tente constantemente - estudante de marketing, sou apaixonada por literatura, poesias épicas e tenho um certo afeto pelo tema amor...

sábado, 14 de janeiro de 2012

Aquela Noite...



                Naquela noite eu fui dormir chorando. Você deveria ter me perguntado o porquê às lágrimas escoriam por meu rosto, mas você não o fez. Você deveria perguntar se havia algo que você pudesse fazer, mas você evitou. Naquela noite... Enquanto eu chorava, você entrou no quarto, foi até o banheiro, levou a água ao rosto como quem faz isso não de uma forma natural ou consciente, mas de forma metódica e tediosa. Você saiu do banheiro olhou nos meus olhos que há essa hora estavam marejados de lágrimas, pegou seu travesseiro, um cobertor e disse: “Vou estar lá embaixo assistindo o jogo.” E assim você se foi. E assim eu me fui, e o meu carinho por você se foi... E como era de se esperar o meu amor pegou carona no embalo que você estava e também se foi.
                Naquela exata fração de segundos eu não saberia dizer ao certo o que eu senti – sentimentos fortes – mas esses envolviam tantas coisas... Raiva, de você por ser um completo idiota e de mim por ter aturado tudo o que você fez, todo o seu desprezo e falta de atenção. Frustração, por após tanto tempo descobrir da pior forma possível que você não me merecia... De verdade. Tristeza, por ver que enquanto eu me importava e me desdobrava em duas pra ver você bem, você ao contrário, não fazia a menor questão de me ver sorrir. Amor próprio, eu decidi que você não era o homem pra mim, que eu não merecia chorar por um alguém que não valia à pena. Depois que esses segundos, que mais pareceram horas, se passaram... Eu respirei fundo e tomei uma decisão que eu já deveria ter tomado há muito tempo atrás. Eu fiquei sentada por mais trinta ou quarenta minutos pensando exatamente no que me prendia a você ainda, e eu vi que não havia sequer um motivo. Eu percebi que nós não tínhamos absolutamente nada em comum mesmo, era só a minha vontade de fazer dar certo que me unia a você, e você se aproveitava, pois era cômodo! Mas eu só percebi isso quando meus objetivos pro futuro ficaram claros... Enquanto os seus eram tão nublados. Eu queria uma família, eu queria um amor de uma vida inteira, eu queria um eu te amo diário no café da manhã e eu queria envelhecer ao lado de uma só pessoa. Mas você não. Digamos que você queria completamente o oposto, eu só estava cega demais para enxergar. Eram pequenas coisas, que agora eu notava que estavam tão nítidas. Era sempre eu quem te abraçava, era sempre eu quem perguntava como foi o seu dia, você o fazia por educação em seguida. Era eu quem me importava se você estava bem ou precisava de algo... Era eu quem segurava sua mão se você caísse, mas eu percebi que se eu caísse, não haveria ninguém pra me levantar se dependesse de você. Eu nunca pedi nada em troca, eu sempre amei sem reservas e incondicionalmente, mas é como minha mãe diz: “Amar sozinha não da certo!” E foi exatamente por hoje, pela sua atitude de me deixar sozinha que tudo isso veio á tona, foi o seu desleixo que me deixou ver o que antes eu não queria enxergar.
                Levantei da cama e fiz o mesmo procedimento mecânico que você fez ao entrar no banheiro, lavei o rosto de forma habitual e sem sentimentos. Peguei a mala em cima do guarda roupa e coloquei nela tudo o que eu achava que seria importante dali pra frente: Livros, roupas específicas, anotações pessoais, algum dinheiro e por fim uma foto... Uma única foto sua, pra eu me lembrar de nunca mais me ferir. Fechei a mala e com ela eu fechei tudo o que um dia eu passei com você. Desci as escadas com o barulho da mala arrastando no chão frio. Olhei pra você com um olhar que você nunca pensou que eu seria capaz: pena. Eu vi em você tudo o que eu não queria pra mim, tudo o que eu desprezava e sentia apatia. Você me olhou com um olhar difícil de descrever... Era insegurança, descrença, medo? Eu não sei. Mas você só me olhou... Não disse uma só palavra, talvez, porque você sabia que uma hora isso aconteceria. Eu não desviei o olhar nem por um segundo. Queria que você me visse ir embora com a cabeça erguida. Fui até a porta e apenas disse: “Vou passar um tempo fora, quando voltar, quero você longe da minha vida.” Me dirigi até o meu carro estacionado na garagem, abri o portão e dirigi sem ter uma certeza exata de onde ir. Apenas dirigi... Sem rumo. Senti-me leve, livre e feliz... Tão feliz quanto eu não me sentia havia alguns anos. Eu estava protegida... Eu tinha criado uma armadura em mim que me protegeria da sua indiferença, e eu poderia me cuidar melhor... Ter mais amor próprio. Eu ficaria bem...

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