Virava pra
lá e pra cá na cama. Estava impaciente. Até me sentei no escuro. Pensei: Não
era uma posição o que eu procurava. ERA VOCÊ. (Caio Fernando Abreu).
Foi ai então
que eu simplesmente cansei de todas as vezes que eu quis ser forte, eu cansei
de dizer a mim mesma que eu estava bem, eu cansei de segurar as lágrimas todas
as vezes que eu passava pelo parque e via aquele mesmo casal de idosos sentados
no banco ou andando de barco, imaginando que um dia poderíamos ter sido nós. Eu
cansei de fingir que o meu mundo continua a girar sendo que o meu eixo já não está
mais aqui. E eu cansei de fingir uma felicidade inexistente só pra parecer um
pouco mais forte pra você. Eu não sou assim, você melhor do que ninguém sabe,
porque foi com você que eu passei os últimos cinco anos da minha vida... Você –
melhor até mesmo do que eu – sabe que eu nunca fui tão forte assim, você sabe
que eu tenho medo de quase tudo, você sabe que eu choro com facilidade e que eu
não consigo dormir se a cortina não estiver fechada... Você sabe de todos os
meus defeitos e as minhas manias calculadas, você sabe das minhas crises histéricas
e você sabe o quanto eu amo você! Então me diz, por favor: O que foi que mudou
tanto assim para você resolver simplesmente ir embora? Por muitas noites eu
pensei que o motivo tivesse sido toda a minha insegurança despejada como um
balde em cima de você... Mas depois eu parei pra ver que não poderia ser isso,
porque você não gostava de mim, veja bem conhecer minhas qualidades e gostar de
mim não e algo tão surpreendente assim, você me amava, porque você conhecia
meus defeitos e mesmo assim continuava do meu lado com todas as forças e com
todo o seu amor.
Não me leve a mal, pensando que eu quero controlar sua
vida ou me intrometer em seus novos assuntos que não me envolvem... Eu quero só
entender seus motivos. Os reais motivos que levaram você a se afastar de mim e
deixar um vazio na minha cama todas as noites... Porque veja bem, eu nunca me
acostumei a dormir sozinha, eu precisava constantemente de você ali, comigo. E
nas noites que você fazia plantão, ou ficava preso no trabalho eu não conseguia
dormir, eu virava na cama a noite toda até você chegar de manhã e deitar do meu
lado. Foi ai que você teve a idéia de me dar um ursinho de pelúcia que eu
chamei de ”anjinho”... Você me disse para dormir com ele todas as noites em que
você não pudesse estar comigo, você disse que ele cuidaria de mim enquanto você
não voltasse. E funcionou! Na época eu dormia tranquilamente com o ursinho e só
o soltava quando você o tirava dos meus braços pra me colocar em volta dos
seus, como se eu fosse ficar segura para sempre. Hoje, eu tento preencher o
vazio que você deixou da mesma forma que você me ensinou... Eu abraço o ursinho
todas as noites pra dormir, me agarrando a esperança de que talvez ele me traga
você de volta quando amanhecer o dia – da forma como sempre acontecia... Ou
talvez seja o medo de perder a única coisa valiosa que ainda me liga a você. Eu
tento me manter aquecida daquele vento gelado que me atinge em cheio antes
mesmo que eu possa evitar. E são nessas noites de inverno, que eu percebo que o
seu corpo era o cobertor perfeito para o meu, e era só o formato dos seus braços
que serviam como escudo contra um mundo que eu não queria fazer parte por estar
obcecada demais no meu pedaço de mundinho perfeito onde só existia você, e eu
estava feliz assim! Mas ai a minha felicidade foi dizimada e reduzida a uma
simples lembrança do que um dia nós fomos... Do que um dia nós construímos. Ta
ai o meu problema: Eu não me contento com lembranças.
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