O mundo pode acabar hoje, que ela sinceramente não iria se
importar. Porque há dias ela come mal, dorme mal, passa as noites acordada
esperando a merda de um milagre qualquer acontecer. Ela fica pensando na sua
vida e no que está fazendo com ela... Ela se pergunta se fez a escolha certa,
se escolher entre a paz e o amor foi à decisão mais sábia a se tomar. Ela se
pergunta se um dia vai ser feliz e se vai chegar a amar alguém com tanta
intensidade e com tanta loucura quanto um dia ela o amou. Será? Na verdade ela
já nem sabe... Ela ficou deitada na cama a noite toda pensando em mil e uma
formas de tentar fazer dar certo, e quando ela não achou nenhuma parou de
tentar forçar e resolveu aceitar a realidade... Ela levantou e se dirigiu até o
sofá, sentou no mesmo e ficou parada estática durante minutos que mais
pareceram horas e de repente tudo se iluminou e ela de certa forma encontrou
uma solução. Não que ela considerasse a melhor, mas ela estava tão desesperada
e com tanto medo que aquela foi à única opção que encontrou. Eu não quero que
você imagine que ela era louca ou que ela não sabia o que era amar, porque
acredite, ela sabia sim... E ela já havia sofrido tanto por isso. No passado
ela ia dormir todas as noites pedindo a Deus para não abrir os olhos na manhã
seguinte, simplesmente porque ela não tinha motivos o suficiente para acordar...
Porque ele não estaria lá e ela teria de encarar a vida fútil e triste que ela
se encontrava, ela teria de fingir pra todo mundo que ela estava bem, porque
ela escolheu a paz em lugar do amor. Talvez você pense que no lugar dela você
teria feito diferente, não teria escolhido a paz, porque o amor é o que há de
mais puro no mundo... Mas ela realmente não teve escolha e mesmo hoje, anos
depois de ele ter ido embora, ela ainda não se curou totalmente, ela inda dorme
mal e ela vez por outra deseja não acordar... Simplesmente por falta de motivos
válidos que a levem a querer encarar a vida e ter esperança.
Ela não
sabe até hoje se superou por completo o que houve ou não. Ela não sabe se culpa
os outros por se envolverem na sua vida de tal forma e a forçarem a tomar uma
decisão tão difícil quanto essa, quer dizer que tipo de direito eles tinham
para a forçarem a fazer algo que ela não queria fazer? Ela fica se perguntando
se hoje, eles sabendo todo o mal que causaram nela, se eles teriam coragem de forçá-la
a fazer a mesma coisa de novo... Na verdade, acho que até hoje eles não tem
consciência do mal que causarem nela. Mas a realidade é que ela também é
culpada pela sua infelicidade genuína. Foi ela quem escolheu o caminho mais
fácil, o mais cômodo, foi ela quem abriu mão do amor como forma de apaziguar a
situação e foi ela a única pessoa que sofreu com isso. Sim, grande parte desse
conflito em que ela se encontrava era culpa exclusiva dela, o que aumentava
ainda mais a sua dor. E os anos foram passando e não importava o quanto os
outros dissessem que o tempo cura tudo, porque na verdade o tempo não cura
nada, ele apenas tira da evidência aquilo que não queremos lembrar, mas nós não
esquecemos... Apenas deixamos guardado em uma parte isolada do cérebro que vez
por outra ainda lembramos. E pra ela já havia se tornado perturbador demais
conseguir viver lembrando-se dessa infelicidade. Até quando? Doía tanto... Doía
cada dia mais, a cada minuto que se passava ela morria aos pouquinhos... Um
pedaço de cada vez ela ia se desfazendo, se transformando em algo que nem ela
sabia o que era. Ela havia tentado ser forte durante todo esse tempo e sem
sucesso eu diria.
O amor
não é algo bonito que se possa sentir orgulho, o amor dói o amor causa lágrimas
que não cessam, causa tristeza excessiva e causa ainda mais, uma angústia
incontestável. É vontade de não levantar da cama, de não sorrir, simplesmente
porque não se tem motivos. É vontade de ter de volta tudo aquilo que se perdeu.
Mas o amor também é esperança... Esperança de melhoria, de que as coisas se
ajeitem gradativamente, que ela encontre um motivo pequeno, nem que seja uma
simples brisa que aponte um caminho a seguir, esperança é o que a mantém viva
todos os dias. E ela vai continuar assim: com medo, com raiva, culpada e
despedaçada. Até quando? Isso, eu realmente não sei.
"Mas o amor também é esperança... Esperança de melhoria, de que as coisas se ajeitem gradativamente, que ela encontre um motivo pequeno, nem que seja uma simples brisa que aponte um caminho a seguir, esperança é o que a mantém viva todos os dias." TOTALMENTE IDENTIFICÁVEL. mas quando é que a gente sabe que é amor?
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